Startup liderada por duas mulheres gera R$ 1,5 milhão em renda para catadores com ações voltadas à economia circular

Crédito: Tayse Argolo

Startup liderada por duas mulheres gera R$ 1,5 milhão em renda para catadores com ações voltadas à economia circular

Com gestão feminina focada no desenvolvimento de soluções para o descarte correto de resíduos, a SOLOS chega ao topo e cofundadora passa a integrar a lista de 20 mulheres inovadoras, da ForbesAgro

A economia brasileira perde R$ 14 bilhões todos os anos com o descarte incorreto do resíduo reciclável, é o que indica os dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Neste sentido, a pressão pela adoção de práticas mais sustentáveis tem evidenciado na indústria, de modo geral, a discussão a respeito do conceito de economia circular, sistema que tem como fundamento o melhor uso de recursos naturais para evitar desperdícios e sobras.

Pensando em gerar impacto com a economia circular, por meio do engajamento e  facilitação do descarte das embalagens pós consumo, que as jovens Saville Alves e Gabriela Tiemy fundaram em 2018 a SOLOS - startup baiana focada em desenvolver soluções para reduzir o lixo das cidades. Em pesquisa feita pela ABStartup, apenas 12% das startups são lideradas por mulheres.

Saville Alves, que passou a integrar em 2022, a lista de 20 mulheres inovadoras nas Agtechs da Forbes Brasil, em seu editorial ForbesAgro, é responsável pelas conexões (comercial, comunicação institucional e advocacy) e conta que a startup é um negócio de impacto que promove economia circular junto a territórios e marcas, através da mobilização de pessoas à realizarem o descarte correto das embalagens pós-consumo. “Assim tornamos a vida de melhor para todos e todas: das cooperativas de reciclagem até às tartarugas marinhas”, destaca.

SOLOS surgiu após as duas sócias se conhecerem na ONG Teto, onde trabalharam juntas. Na época, em 2016, Gabriela era diretora social do projeto e Saville coordenadora comercial. “Com as vivências dentro de comunidades em vulnerabilidade, o lixo foi percebido como um demarcador social e o incômodo sobre essa problemática foi intensificado pelas mudanças de estilo de vida que ambas estavam passando”, destaca Saville.

Após quatro anos, a SOLOS tem atuado nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. Por conta dos projetos realizados com sucesso, a startup tem como clientes as empresas Braskem, AmbevHeinekenCoca-ColaBasfSebrae, entre outros.

Como fruto do reconhecimento das realizações e do potencial de escalabilidade da SOLOS, a startup já participou de quatro programas de aceleração nacionais:  Triggers, SENAIQuintessa e BNDES Garagem. Além disso, tem fortalecido suas atuação através de parcerias com as Prefeituras das cidades onde atua, além das cooperativas CooperaguaryCAEC, CooperbariCamapetCoopamaChocolatãoCoopercarga.

De acordo com a sócia Gabriela Tiemy, responsável pelos fluxos (jurídico, administrativo finaneiro e gestão de pessoas), um fator importante nos projetos da SOLOS é a geração de renda para a população da região onde está atuando. “Temos uma política de contratação de fornecedores que valorize o trabalho e o conhecimento local e que utilizem insumos preferencialmente de menor impacto”, frisa.

A sócia acrescenta que todo processo acontece através da contratação de cooperativas e seus membros que atuam na educação ambiental, na coleta e na triagem do material. “Além disso, podemos fazer recortes de gênero e raça, por exemplo, para valorizar populações que historicamente foram invisibilizadas”, explica.

Saville conta que entre os projetos pensados para trazer soluções, estão o Braskem recicla, que está na sexta edição e acontece nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia; o Carnaval Folia Que Vira - maior ação de sustentabilidade em eventos de todo o Brasil; e o Vidrado, ação de sensibilização e coleta de vidro na comunidade de Caraíva, em Porto Seguro.

“Hoje o Braskem recicla, é a principal ação patrocinada de educação e engajamento da companhia sobre economia circular. Além deles, temos o Carnaval Folia Que Vira e o Vidrado, entre outros, que juntos geraram renda de 1,5 milhão para a cooperativas, 600 toneladas de resíduos coletados e mais de um milhão de pessoas engajadas e sensibilizadas”, complementa.

Gabriela destaca que com a realização destes projetos realizados pela SOLOS, entre time direto e cooperados, mais de 200 pessoas foram empregadas. “Para isso, adotamos uma política de remuneração em que o valor da hora de trabalho dos cooperados deve ser igual ou superior a do time contratado para atividades de campo, como mobilizadores”, pontua.

A sócia salienta que tem acompanhado alguns indicadores no time interno, em 2021. “Das pessoas que foram empregadas durante a ações, 34% são homens, 66% mulheres; 40% auto identificados como da comunidade LGBTQIA+; e 25% de negros e negras”, afirma.

Para as sócias esses números se revelam nos resultados do objetivo com a economia circular. “Crescemos 400% de 2020 para 2021 e esperamos dobrar o crescimento em 2022, tanto em impacto, faturamento e estrutura interna de time”, confirma.

De acordo com Gabriela, o tema como problema já é percebido amplamente e as empresas através de suas áreas de ESG, Sustentabilidade e Marketing sabem que precisam dar uma resposta que permita a perenidade e renovação de seus negócios. “São novas gerações e novos olhares que precisam ser conquistados, assim como novas formas de trabalho e meios de produção”, finaliza. 

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