De Redenção ao Brasil inteiro, o empresário goiano transformou sua visão em negócios que unem autenticidade, moda e a força do interior.
Gostar de gente, enxergar longe e não ter medo de arriscar. Esses três elementos moldaram a trajetória de Rubens Inácio, o nome por trás da Texas Center e da TXC, marcas que nasceram em Goiânia e hoje carregam a identidade do Brasil do interior para o mundo.
Seja com a multimarcas Texas Center ou com a grife TXC, que veste o agro com personalidade, Rubens construiu negócios que ultrapassam a venda de roupas: são símbolos de pertencimento de quem produz, trabalha e se orgulha de suas raízes.
RAÍZES NO CAMPO, AMBIÇÃO NA CABEÇA
Nascido em Anápolis e criado em Redenção, no sul do Pará, Rubens cresceu em um cenário ao mesmo tempo desafiador e inspirador. A família morava em uma fazenda sem luz elétrica, sem água encanada e de difícil acesso — só se chegava de avião ou, em percursos mais longos, alternando trator, carro e até cavalo.
“Era uma vida simples, mas cheia de significado. Eu tomava banho no córrego, estudava à luz de lamparina. Para mim, aquilo era mágico, era liberdade”, relembra.
Com pais trabalhadores — o pai no táxi aéreo, a mãe na padaria —, Rubens aprendeu cedo a valorizar esforço, disciplina e criatividade. Aos oito anos, começou a testar os primeiros negócios: cobrava passagens para encher o carro do pai rumo à cidade e revendia frutas e verduras. Aos 13, o pai lhe ensinou, sem perceber, um conceito que marcaria sua trajetória: receita é diferente de lucro. O adolescente vendia leite de vaca e ficava com a margem. Aos 15 anos, já tinha comprado seu primeiro carro.
DO SONHO DE VETERINÁRIO AO DESTINO DE EMPRESÁRIO
Apesar de sua paixão pelo agro, Rubens inicialmente escolheu Veterinária como curso superior. Rapidamente percebeu que sua habilidade estava em outro campo: a Administração. A vida acadêmica foi menos sobre diplomas e mais sobre abrir portas. Tanto que seu trabalho de conclusão de curso se transformaria em sua primeira empresa em Goiânia: um frigorífico de produtos cárneos.
“Foi minha primeira grande escola. Descobri que competir com a informalidade de um lado e com gigantes como Sadia do outro não era sustentável. Era um campo de batalha que drenava energia”, explica.
A frustração inicial não o paralisou — pelo contrário, mostrou o caminho. Rubens entendeu que precisava empreender em algo que unisse paixão pessoal, propósito e visão de mercado. Foi assim que, em 2013, nasceu a Texas Center, em sociedade com Kaio Cesar Pires.
TEXAS CENTER: A DISNEYLÂNDIA DO AGRO
O plano parecia ousado demais: abrir uma loja multimarcas em Goiânia voltada ao público do agro, mas que oferecesse muito mais do que roupa. O começo foi turbulento: mercadorias apreendidas pela alfândega, concorrência torcendo contra e até o pai chamando-o de “maluco” por se arriscar em um negócio tão incerto.
Mesmo assim, o resultado surpreendeu. Já no coquetel de inauguração, a meta do mês inteiro foi batida. “Empreendedor precisa ter uma dose de loucura. Eu acreditava na ideia e trabalhei até o limite para provar que fazia sentido”, diz Rubens.
Dois anos depois, um assalto quase pôs tudo a perder, mas transformou-se em vitrine. A solidariedade de clientes, artistas e influenciadores gerou engajamento e multiplicou vendas. O episódio marcou a consolidação da Texas Center como uma referência cultural do lifestyle agro.
Hoje, a Texas Center ocupa 2.400 m² e se consagra como o maior complexo Western da América Latina. Muito além de vender roupas, o espaço reúne chapelaria, selaria, restaurante, artigos equestres e experiências que traduzem o orgulho e a força do campo. Mais do que um ponto de venda, a Texas Center é um símbolo de pertencimento.
TXC: MODA QUE VIROU COMUNIDADE
A ambição de Rubens não parou ali. Em 2015, com Antônio Neto e Rafael Biazin, nasceu a TXC — Textile Xtra Company. A primeira coleção de 1.800 peças foi vendida em uma semana, um indício de que havia demanda reprimida por uma marca que unisse qualidade, estilo e identidade agro.
A TXC cresceu rápido. Seus bonés, camisas e jeans viraram não apenas roupas, mas símbolos de pertencimento. A marca conquistou o Brasil com um discurso direto: “produzindo para quem produz”.
Em 2024, a empresa faturou R$ 130 milhões e se espalhou por 14 estados. Para 2025, a meta é ousada: 100 lojas e 3 mil pontos de venda.
ESTILO DE LIDERANÇA: CLAREZA E LEALDADE
Rubens conduz seus negócios com um estilo direto, baseado em clareza, disciplina e lealdade. “Muita gente busca aprovação. Eu busco resultado. Falo o que precisa ser dito, sempre com respeito, mas sem enrolação. Se for para encerrar um ciclo, agradeço e sigo em frente.”
Esse perfil atrai parceiros e fortalece equipes, consolidando uma cultura organizacional que valoriza a meritocracia e a autenticidade.
LEGADO E NOVOS PROJETOS
Aos 40 anos, Rubens já pensa além das empresas. Quer deixar legado. Para isso, prepara o lançamento de um livro contando sua trajetória e organiza a Imersão Varejo Raiz, evento em Goiânia que reunirá empreendedores de todos os setores para discutir varejo, inovação e futuro dos negócios.
“Eu não vivo em bolha. Tanto posso estar comendo buchada no Pará quanto em um jantar em Londres. A riqueza está em conviver com pessoas diferentes, em somar histórias.”
Mas o empresário também faz questão de revelar seu lado mais humano: a paternidade. Pai de Lourenço e Mirella, admite ser viciado em trabalho, mas se emociona ao falar do tempo que passa com os filhos. “O que mais quero é que eles sejam boas pessoas. O orgulho que sinto deles e que eles sentem de mim é o que dá sentido a tudo isso.”
O AGRO QUE VESTE O BRASIL
Da infância sem energia elétrica em Redenção ao comando de empresas que movimentam milhões, Rubens Inácio encarna uma nova narrativa do agro brasileiro: moderna, conectada, mas sem perder a autenticidade. Seus negócios não são apenas empreendimentos lucrativos; são a tradução de uma identidade nacional que ganha cada vez mais voz e visibilidade.
Ao unir paixão, disciplina e ousadia, o empresário mostra que, quando o campo encontra a moda, o resultado vai muito além do estilo: vira cultura, comunidade e futuro.
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