A arte da amizade ou o orgulho que sinto pelos meus novos/velhos amigos artistas

A arte da amizade ou o orgulho que sinto pelos meus novos/velhos amigos artistas

A arte da amizade ou o orgulho que sinto pelos meus novos/velhos amigos artistas

Abrir-se ao inusitado, sem que isso seja apenas um ato de loucura, é uma forma de perder o interesse pelo controle. Sinto imensa vontade de soltar as rédeas. E sei que em muitas vezes é o que aparento estar fazendo. Já cheguei inclusive a enganar a mim mesma nesta dança, mas a grande verdade é que faço planos até mesmo quando o plano é não tê-los. Dá conversa para o dia todo, mas não quero avançar nesta sensação. Se puxo esse papo é porque lembrei do quanto é bom ser pego de surpresa pela vida. O que sempre nos deixa com a sensação que todo plano pode se tornar obsoleto da noite para o dia. Recentemente foi surpreendida com um carinho inacreditável por duas pessoas que jamais tinha visto antes, embora elas sejam quase minhas conterrâneas. Vou me explicar um pouquinho. Quando decidi passar uma temporada em Portugal, jamais pensei que viveria no Norte. E, muito menos, que na simpática Vila Nova de Gaia faria dois amigos destes que a gente quer carregar para a vida inteira. Um deles é o Anderson, ele é de Florianópolis e sempre brinca de falar ‘peixeiro’. Ele já está longe do Brasil há alguns anos. Viveu antes na Irlanda. Foi lá que conheceu o William, que é gaúcho e que também já completou algumas centenas de dias afastado dos pampas. Mas, bah, o Rio Grande do Sul é uma marca para a vida toda. Sei por que já lá estive por mais de uma década! Nós tomamos chimarrão juntos. E estamos querendo mesmo fazer um caldo de peixe com farinha de mandioca (artigo de luxo por estas bandas). É que eles abrem a porta da casa sempre que quero colo ou preciso de um pouso. E a casa deles é um aconchego que renova qualquer bateria. A gente ouve músicas bregas juntos. Todos os refrãos improváveis como Morango do Nordeste, Evidências e Cheia de Manias do Raça Negra. Também já fizemos maionese com ovo e bolinho de feijão. Vai ter que rolar uma feijoada com couve e laranja logo ouvindo não sei o que! A gente se ensina e se abraça nesta experiência de estarmos soltos no mundo. E, como se não bastasse as horas de conversa e de afeto, o tanto que temos em comum por sermos do Sul e nos gostarmos, ainda tenho uma admiração incrível pelo talento deles. Foi por isso que ontem estava com o coração a dar pequenos pulinhos ao vê-los juntinhos na exposição das suas ilustrações. Vou explicar meus motivos. O Anderson adora cinema. E é da telona que ele tira a inspiração para por no papel toda a magia do seu traço preciso e delicado. É que ele gosta de brincar de desenhar os filmes que assiste. E a criatividade dele é enorme. Não entendo de ilustração, mas sei que a perspectiva que ele alcança é sempre real. A gente sente como se desse para tocar nos objetos. Já o William adora pintar o inexpressivo. Ele tem uma composição de cores de céu que nunca vi, mas parece que sempre enxerguei assim. Para além de por luz nas alturas, ele tem uma habilidade com os traços e com a pintura que me emociona. É um príncipe da arte. A técnica deles é a aquarela, que aqui em Portugal se chama aguarela (faz todo o sentido, porque se usa água). Mas não é só uma questão de técnica, não. É também de força de vontade. A arte destes meus dois novos/velhos amigos ainda me encanta porque sei a quantidade de horas que eles trabalham para garantir o sustento aqui nas terras lusitanas. E sei que nas horas de folga eles arrancam esta lindeza toda para ocupar o tempo com muitas cores. Deve ser por tudo isso e outro tanto que talvez eu nem saiba explicar a minha felicidade em ver o trabalho deles exposto na cidade de Porto, aqui, no norte, para quem quisesse pegar. Ser recebida na sala da casa deles é um privilégio só meu, mas a delicadeza deles pode ser sentida aqui: https://www.instagram.com/andwill.art/. E é mesmo para ser vista. Tocada. Mexida. Porque ela cabe numa foto, no porta retrato, no marcador de página, num postal. Pode ser um presente pra gente. Pode ser ofertado a alguém. Só não pode passar despercebida, porque a arte minha gente, assim como a amizade, suaviza a vida. 
Carmen Marangoni  
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