Tecnologia

Setores ligados ao combate ao coronavírus são menos afetados pela crise econômica, mostra estudo

Setores ligados ao combate ao coronavírus são menos afetados pela crise econômica, mostra estudo

Tecnologias relacionadas a plataformas de educação e entretenimento online e ao home office; saúde, logística e delivery estão entre os principais, segundo o DOT digital group

A disseminação da Covid-19 afetou economias em todo o mundo e as previsões dos maiores bancos indicam que a recessão já é global. No entanto, um mapeamento dos impactos do coronavírus sobre a atividade dos países mais afetados pela pandemia identificou que a crise não traz somente prejuízos aos mercados. As medidas de combate e prevenção à doença também fomentam o crescimento e a inovação de setores relacionados direta ou indiretamente a estas ações. Tecnologias ligadas a plataformas de educação e entretenimento online e ao home office, além do e-commerce; saúde, telecomunicações, logística e delivery registraram aumento de demanda. O levantamento é do departamento de Inteligência da empresa de educação digital DOT digital group, de Florianópolis.

De acordo com o documento, a China, país onde o vírus surgiu, e a Europa, até semana passada epicentro da pandemia, foram os primeiros a terem de lidar com essa nova crise e, por esse motivo, podem servir ao Brasil como um guia de erros e acertos para além do combate à doença. Mesmo nesses locais, setores já vêm mostrando recuperação.

Com cerca de um terço da população mundial sem poder sair de casa, em quarentena, o e-commerce e delivery de alimentos, bebidas e outros produtos essenciais; o entretenimento digital via serviços de streaming; a educação online; os serviços de telecomunicações e webconferência e de equipamentos de saúde têm visto a demanda crescer exponencialmente.

No mundo inteiro, universidades e empresas trocaram aulas e eventos presenciais pelo ensino a distância, webinars, calls e outras práticas digitais. Quando olhamos para o setor produtivo, a educação digital se mostra a melhor aliada para manter a equipe engajada e se capacitando para a retomada da economia, que deve ocorrer no segundo semestre, quando a pandemia já deve estar controlada”, avalia Luiz Alberto Ferla, CEO do DOT digital group, que atua há 26 anos neste mercado.

De acordo com a consultoria global Deloitte, o setor de tecnologia tem sentido menos a crise principalmente por fornecer essas plataformas de educação e entretenimento on-line e que permitem o home office - modalidade de trabalho que vem sendo amplamente adotada em todo o mundo. Tecnologias de ponta como Inteligência Artificial, Big Data e armazenamento de dados em nuvem estão ajudando a combater o coronavírus e melhorando a eficiência operacional.

Na visão de Daniel Leipnitz, presidente da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) o atual cenário é de reavaliação, ver como as soluções dos diversos segmentos da tecnologia podem contribuir para o combate e prevenção ao vírus, além das ferramentas para a digitalização das empresas, por exemplo. Novas ideias estão surgindo muito rapidamente, mas o propósito maior deve ser ajudar as pessoas, a tecnologia deve ajudar a defender a saúde dos cidadãos.

E-commerce, delivery e tecnologia aplicada à saúde

Na China, onde os primeiros casos foram identificados, em dezembro, nos dois primeiros meses de 2020 as vendas on-line representaram 21,5% do total comercializado no varejo de bens de consumo, segundo a consultoria especializada em mercados asiáticos Fung Business Intelligence. Cresceu a demanda online por alimentos frescos, produtos de saúde e cuidados pessoais. 

Na Europa, de acordo com o mapeamento do DOT, as vendas de alimentos congelados e de serviços e produtos para a prática de exercícios físicos em casa também dispararam. Na Itália, em quarentena desde 9 de março, o número de clientes online da rede de supermercados Carrefour já dobrou para 110 mil pessoas. Na França, a Nielsen Research estima que os pedidos de delivery aumentaram 32% já no começo de março. 

No Brasil não é diferente, os aplicativos de delivery estão registrando alta em pedidos e recebendo mais estabelecimentos que estão migrando suas operações. A Transfeera, startup open banking, registrou, em sua plataforma para validação de dados bancários, aumento de mais de 200% de validações de contas solicitadas por aplicativos de entrega, ou seja, a demanda está em alta, tanto de quem solicita delivery quanto de novos estabelecimentos querendo oferecer este tipo de serviço. Com clientes do setor como Rappi, iFood e AiQfome, a validação de contas realizada pela fintech previne erros no cadastro de dados bancários e possíveis fraudes, ajudando a eliminar os erros no momento de executar os pagamentos a fornecedores.

O mapeamento também mostra que as ações de enfrentamento ao coronavírus impulsionaram a atualização dos sistemas de serviços médicos, que têm recebido mais atenção, recursos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Um reflexo é o que ocorreu com o preço das ações de empresas líderes em serviços e equipamentos de saúde na China. Nas duas primeiras semanas em que a doença acelerou, papéis de todos os setores desvalorizaram. Mas, em poucos dias, os desses dois segmentos já haviam se recuperado e, desde então, aumentaram em média 12%, de acordo com a revista especializada em negócios Harvard Business Review. 

Serviços de entretenimento de streaming, como a Netflix, também estão crescendo. De acordo com dados do Barclaycard, que monitora quase metade das transações com cartões de crédito e débito do Reino Unido, os gastos com conteúdo e assinaturas digitais tiveram um aumento de 12,4% em fevereiro, muito antes do país entrar em quarentena.

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